A Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, enfrentou uma série de insultos de parlamentares durante uma audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados no dia 2 de outubro. Convocada para discutir questões ambientais, Silva já havia sido alvo de ataques em maio, em uma sessão da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado.

Durante a audiência, o deputado Evair de Melo (PP-ES), associado à bancada ruralista e autor da convocação, fez uma comparação controversa entre a ministra e grupos armados como as Farc da Colômbia e o Hamas da Faixa de Gaza. Ademais, repetiu uma afirmação infeliz ao associar Silva ao câncer, uma comparação que ele mesmo já havia feito anteriormente.

Ele afirmou: “Um dia, eu fiz uma citação aqui comparando [a ministra] com um câncer. Eu pedi desculpas depois, porque o câncer muitas vezes tem cura. Mas esse viés ideológico construído nesse movimento conspiratório se mostra aplicável neste momento.”

Outro episódio tenso ocorreu quando o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) pediu calma para Marina durante uma parte mais emotiva de sua defesa das ações do governo. Silva prontamente rebatou a pedido como uma atitude machista, observando que homens não enfrentam críticas semelhantes por sua expressividade.

Em uma situação semelhante ocorrida em maio, Silva foi forçada a deixar uma audiência após ser atacada pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), que elegerou ataques pessoais ao invés de realizar uma pergunta. Valério foi categórico ao afirmar que a ministra não merecia respeito.

Desta vez, a audiência se estendeu por mais de 5 horas e 30 minutos. Silva, ao responder a Evair de Melo, mencionou posturas autoritárias e enfatizou a normalização de agressões no espaço público, afirmando: “Eu sabia que, depois do que aconteceu na Câmara Alta, aqueles que gostam de abrir a porteira para o negacionismo e para a destruição do meio ambiente, [iriam agir do mesmo modo].”

“É preferível sofrer a injustiça do que praticar uma injustiça. E eu prefiro sofrer uma injustiça do que praticá-la. Se você pratica a injustiça, pode ter certeza que a reparação um dia virá. Isso me conforta”, completou Marina.

No decorrer de sua apresentação, Marina destacou conquistas na redução do desmatamento: uma queda de 46% na Amazônia e de 32% no Brasil como um todo. Silva também apontou resultados positivos do agronegócio, que cresceu 15%, e uma incremento na renda per capita de cerca de 11%.