Você não desenvolve um câncer

Você não desenvolve um câncer - 30/06/2025 - Vera Iaconelli

A Relação Entre Psique e Câncer: A Importância da Análise Interna

Em um mundo marcado por diagnósticos de câncer, muitas vezes nos perguntamos como a mente e o corpo se interconectam. Em um relato comovente, uma mulher que enfrentava quimioterapia para tratar um câncer expressou dúvida sobre o valor da análise psicológica em seu processo. Para ela, a dor e o sofrimento já justificavam sua busca por terapia. No entanto, a realidade é que a análise vai além da identificação do sofrimento; é sobre reconhecer nossa parte em cada situação dolorosa.

A mulher acreditava que seu câncer era uma manifestação de seu ressentimento, uma crença que, carregada de culpa, estava entrelaçada com seu diagnóstico. É crucial, porém, entender que atribuir uma causa única para a doença é uma simplificação perigosa. A psicossomática nos ensina que a saúde mental afeta o corpo, mas não devemos reduzir a complexidade da doença a fatores psicológicos.

Fatores que Influenciam a Saúde

Com tantas variáveis em jogo — desde a radiação solar, a alimentação rica em ultraprocessados até o estilo de vida moderno —, a tentação de perguntar “por que eu?” é um reflexo de nosso egocentrismo. O câncer não é uma punição, nem resultado apenas de tendências inconscientes; é, na verdade, um fenômeno multifatorial.

A Culpabilidade e a Crença Pessoal

A redução de todas as causas do câncer a motivações inconscientes é prejudicial. Embora os pacientes possam criar suas próprias narrativas, isso revela mais sobre suas fantasias e medos do que sobre a verdadeira natureza da doença. O papel do psicanalista é ouvir e compreender essas interpretações sem impor julgamentos, permitindo que o paciente encontre suas próprias respostas.

Como Encarar o Câncer

Embora não possamos afirmar com certeza o que causa um câncer, podemos escolher como reagir a ele. A atitude que cultivamos diante da doença é fundamental. A diferença entre viver com o câncer e deixar-se abater por ele está nas escolhas que fazemos.

Um Exemplo Trágico

Um caso trágico é o de Paloma Shemirani, que aos 23 anos recusou tratamento para um linfoma não-Hodgkin, apesar de ter 80% de chances de cura. Sua decisão foi influenciada por uma crença promovida por sua mãe, resultando em uma perda desnecessária. Esse exemplo serve como um alerta: a influência externa pode ser devastadora se não for questionada.

Regra de Ouro

Em meio a tantas histórias de luta contra o câncer, a regra de ouro é clara: escutar mais e palpitar menos. Às vezes, a melhor maneira de apoiar alguém é simplesmente estar presente e ouvir.

Fonte: https://redir.folha.com.br/redir/online/educacao/rss091/*https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vera-iaconelli/2025/06/voce-nao-faz-um-cancer.shtml

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