Desafios e Conselhos para Gabriel Galípolo no Banco Central
Seis meses após assumir a presidência do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo enfrenta um grande desafio: lidar com quatro aumentos sucessivos na taxa Selic, agora fixada em 15% ao ano — o maior nível desde 2006. Essa medida visa conter uma inflação que permanece acima do teto estipulado pelo Conselho Monetário Nacional.
Embora indicado por Lula, Galípolo tem sofrido críticas indiretas. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem expressado descontentamento com as altas taxas de juros, deslocando parte da responsabilidade ao antecessor de Galípolo, Roberto Campos Neto.
Para aprender com a história, Galípolo se reuniu recentemente, individualmente, com dez ex-presidentes do BC, registrando suas experiências em crises passadas, que vão desde a hiperinflação até os desafios impostos pela pandemia de COVID-19. Os encontros foram documentados e estão disponíveis no canal do BC no YouTube.
Desenvolvendo Habilidades Essenciais na Liderança do Banco Central
Os ex-presidentes compartilham três habilidades cruciais que Galípolo deve cultivar:
- Habilidade política;
- Comunicação clara;
- Foco no essencial.
1. Habilidade Política para Proteger a Autonomia
A habilidade política é fundamental para proteger a autonomia do Banco Central e tomar decisões impopulares, mas necessárias, para a estabilidade econômica. A interação constante com o Congresso é uma parte essencial dessa dinâmica.
Wadico Bucchi, um dos ex-presidentes, recorda que, em um cenário de inflação crescente, os parlamentares buscavam um compromisso de “tabelar os juros” em torno de 12% ao ano. Ele enfatiza a importância da conversa e do entendimento político para lidar com a oposição.
Cada ex-presidente destaca como a força política pode ser a chave em momentos decisivos. Pérsio Arida, por exemplo, enfrentou grande pressão durante a sua gestão, enquanto Campos Neto rapidamente percebeu que deveria se envolver pessoalmente com os congressistas.
2. Comunicação Clara para Previsibilidade e Confiança
Uma comunicação clara e precisa é imprescindível para gerar previsibilidade. Henrique Meirelles, que enfrentou a crise financeira de 2008, manteve a taxa de juros elevada em um cenário de crise, demonstrando que a forma de comunicar decisões é tão importante quanto as decisões em si.
Meirelles aconselha: “Calma sob pressão”. Essa postura foi fundamental para estabilizar o mercado e dissipar incertezas.
3. Liderar com um Plano Claro e Foco no Essencial
Em tempos de crise, líderes devem priorizar e focar. Pedro Malan, um dos arquitetos do Plano Real, ressaltou que o sucesso do plano se deu pela clareza e pela determinação em seguir um núcleo de ações bem definidas.
Conselhos como “não tente fazer muitos projetos ao mesmo tempo” podem ajudar Galípolo a permanecer focado e efetivo em sua gestão. A serenidade diante da pressão é outro aspecto que permitirá ao presidente do BC transmitir confiança e garantir que a instituição cumpra sua missão de zelar pela estabilidade da moeda.
No que diz respeito ao futuro, os ensinamentos partilhados pelos ex-presidentes oferecem uma valiosa perspectiva sobre como Galípolo pode navegar pelos desafios atuais enquanto trabalha para estabilizar a economia brasileira.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/crise-economia-banco-central-licoes-ex-presidentes-galipolo/

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