Adoção crescente da tecnologia de reconhecimento facial no ambiente de trabalho

Adoção crescente da tecnologia de reconhecimento facial no ambiente de trabalho

Desafios do Reconhecimento Facial em Aplicativos de Entregas

Pedro S. Teixeira, da FOLHAPRESS, revelou um caso marcante que ilustra as dificuldades enfrentadas por entregadores em Brasília devido a falhas no sistema de reconhecimento facial do iFood. Um trabalhador foi impedido de exercer suas funções por nove meses, apenas conseguindo reverter a situação por meio de uma ação judicial.

O bloqueio do entregador ocorreu em 30 de abril de 2024. Ele recorreu ao aplicativo no mesmo dia, mas recebeu uma resposta negativa em 6 de maio, resultante de uma revisão automatizada.

Após uma intervenção da Justiça do Trabalho do Distrito Federal, o trabalhador retornou ao serviço em fevereiro, mas, mais uma vez, enfrentou uma suspensão devido a erros no sistema de tecnologia.

Implicações da LGPD

A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) impõe que os colaboradores aceitem decisões automatizadas, incluindo o reconhecimento facial, o que pode gerar preocupações sobre segurança e privacidade. Embora a lei permita a coleta de biometria sem consentimento para prevenir fraudes, não caracteriza direito à revisão humana, um veto instaurado anteriormente.

Um espaço importante para reflexão é a indenização de R$ 60 mil que o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região determinou ao iFood por danos morais, levando em consideração a desigualdade racial nas falhas do sistema.

O iFood, em resposta, planeja recorrer à decisão, reiterando a importância da verificação de identidade para a segurança de seus colaboradores.

A Necessidade de Reconhecimento Facial

As empresas sustentam que o reconhecimento facial é essencial para evitar fraudes, enquanto os trabalhadores questionam a precisão dessas tecnologias, que podem resultar em erros sérios, como a suspensão indevida.

O advogado Rony Vainzof destaca que, atualmente, os trabalhadores estão quase obrigados a fornecer suas impressões faciais para assinarem contratos ou quando exigidos para a averiguação no local de trabalho.

Buscando Direitos: O Desafio Legal

A luta jurídica se intensifica, com advogados como Luara Dias enfatizando a dificuldade de provar a responsabilidade do sistema em casos de falhas. Uma recente ação demonstrou que erros na validação de biometria podem invalidar o trabalho contínuo do entregador.

Com metade de suas ações relacionadas a suspensões de motoristas de aplicativos devido a falhas de plataforma, é evidente a urgência de que as empresas provem a veracidade de suas alegações.

Diretrizes para Reduzir Conflitos

Maria Inês Restier, representante da ABRH, destaca que as queixas sobre reconhecimento facial são raras, mas ressalta a importância da implementação consciente dessa tecnologia. A empresa deve informar claramente como o sistema funcionará e quais dados serão coletados, evitando viéses raciais e assegurando a confiabilidade do serviço.

Em resumo, o reconhecimento facial em aplicações de entrega apresenta um dilema que não pode ser ignorado, levantando questões de segurança, privacidade e direitos dos trabalhadores. À medida que as empresas se adaptam a essas tecnologias, é essencial que o diálogo e a regulamentação continuem a evoluir.

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/economia/2296406/reconhecimento-facial-se-amplia-no-trabalho?utm_source=rss-economia&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed

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