A Influência do ChatGPT na Escrita dos Estudantes: Reflexões e Implicações
Em uma sala de aula na Universidade de Illinois, a professora Jocelyn Leitzinger fez um experimento simples: pediu a seus alunos que compartilhassem uma anedota pessoal sobre discriminação. Surpreendentemente, a maioria optou por contar histórias de terceiros, frequentemente usando o nome fictício “Sally”. “É um nome feminino comum para o ChatGPT”, lamenta Leitzinger.
Essa situação não é isolada. A professora observou que cerca de 50% de seus 180 alunos utilizaram o ChatGPT de forma inadequada para seus trabalhos no semestre passado, inclusive em tópicos sobre ética na inteligência artificial (IA).
O Impacto da IA no Pensamento Crítico dos Estudantes
Um estudo preliminar, que rapidamente ganhou destaque nas redes sociais, sugere que os estudantes que dependem de IA generativa para escrever seus trabalhos têm uma capacidade crítica reduzida. O estudo, ainda não revisado por pares, foi conduzido por pesquisadores do MIT e teve uma resposta significativa da comunidade educacional; mais de 3.000 professores entraram em contato com a equipe de pesquisa após sua publicação.
A pesquisa envolveu 54 alunos em Boston, divididos em três grupos. Um grupo usou o ChatGPT, outro utilizou mecanismos de busca e o último apenas suas próprias ideias. As análises mostraram que os usuários do ChatGPT apresentaram resultados significativamente piores em comparação aos que confiaram em suas próprias habilidades.
Resultados Surpreendentes e Conexões Neurais
Eletroencefalogramas revelaram que diferentes regiões dos cérebros dos estudantes que usaram IA conectavam-se com menos frequência. Além disso, mais de 80% dos alunos que utilizaram IA não conseguiam citar qualquer parte de suas redações, em contraste com apenas 10% dos que utilizaram seus próprios pensamentos.
Textos Sem Alma
Os professores notaram que os textos redigidos com auxílio do ChatGPT possuíam uma qualidade “sem alma”. Embora a gramática estivesse correta, faltavam criatividade e profundidade. A autora do estudo, Nataliya Kosmyna, critica interpretações que sugerem que a IA torna as pessoas mais preguiçosas ou menos inteligentes.
Curiosamente, quando estudantes que inicialmente não usaram IA foram apresentados ao ChatGPT, sua conectividade neural melhorou, indicando que o uso da tecnologia poderia contribuir modestamente para o aprendizado. No entanto, Kosmyna adverte que são necessários mais estudos para entender plenamente como a IA pode ser integrada ao processo de ensino.
Perspectivas Futuras e Desafios
A neurocientista Ashley Juavinett levantou preocupações semelhantes, argumentando que o estudo não fornece evidências suficientes para tirar conclusões definitivas sobre o impacto da IA nos processos cognitivos.
Para Leitzinger, a situação é preocupante. Ela observa uma diminuição na autenticidade da escrita de seus alunos desde a introdução do ChatGPT em 2022. Embora os erros ortográficos tenham diminuído, também se nota uma queda na originalidade.
A introdução da IA é frequentemente comparada ao uso de calculadoras nas aulas, que forçou os educadores a adaptar suas estratégias de ensino. Leitzinger teme que os alunos possam avançar no aprendizado sem dominar as bases, pulando etapas críticas do aprendizado. “Escrever é pensar; pensar é escrever. Se eliminarmos este processo, o que resta do pensamento?”, questiona ela.
À medida que a inteligência artificial continua a moldar o futuro da educação, é crucial que professores e alunos reflitam sobre a verdadeira natureza do aprendizado e a importância do pensamento crítico em um mundo cada vez mais automatizado.
Fonte: https://redir.folha.com.br/redir/online/educacao/rss091/*https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2025/07/estudantes-que-usam-chatgpt-aprendem-menos.shtml

Jornalista e redator apaixonado por informação e conhecimento. Atua na produção de conteúdos para o RSS Viral, abordando temas como política, economia, esportes, turismo e educação, sempre com responsabilidade e compromisso com a verdade.