Onde a necessidade de comer se encontra com o desejo de jantar

Onde a necessidade de comer se encontra com o desejo de jantar - 02/07/2025 - Conrado Hübner Mendes

Festival do Arranjinho: Uma Análise Crítica

O “Festival do Arranjinho” se iniciou sob o olhar atento da mídia portuguesa, que destacou a peculiaridade deste encontro colonial. A proposta parece promover uma conciliação entre interesses pouco discutidos: empresas, políticos, magistrados e a corrupção que permeia as relações públicas em nosso país.

Lobby e Jantares: Uma Comédia de Interesses

Neste festival, o que se vê é um banquete de lobby e sobremesa de corrupção. Os protagonistas do evento, como presidentes de câmaras e senadores, preferem não discutir temas delicados como supersalários ou a tributação desigual entre diferentes classes sociais. Em vez disso, o foco está em cortes de recursos que impactam a saúde e projetos que buscam reduzir a pobreza. Um retrato da “concili ação nacional”, que ignora a fome e a desigualdade, permitindo que tudo fique às claras, exceto o que realmente importa.

O Retrato da Diversidade?

O programa oficial do festival exibe uma contagem questionável de diversidade: 165 expositores, entre os quais predominam homens brancos, enquanto apenas um homem negro e duas mulheres negras figuram na lista. Essa composição apresenta-se como uma “diversidade exagerada” para um evento que deveria debater o Brasil-Colônia na metrópole. No entanto, os dias 2 e 3 continuam sem números, reforçando a falta de transparência.

Um Festival de Transparência?

O anfitrião do fórum ressalta a suposta transparência do evento, mas o que sabemos realmente sobre o programa extraoficial e os gastos públicos? Sem informações claras, fica a sensação de que há um jogo de cenas oculto por trás de sorrisos e jantares extravagantes. A verdade é que essa promiscuidade entre o público e o privado gera um ambiente de conflito de interesses que compromete a dignidade das profissões jurídicas envolvidas.

O Papel da Advocacia

À medida que advogados se rendem ao lobby e práticas questionáveis, a contradição se torna evidente. A independência judicial, o devido processo legal e o acesso à Justiça não são apenas palavras jogadas ao vento; eles são sustentados por ações concretas. Que decoro se espera de um fórum que opta pela farsa?

Conclusão: Cumplicidade e Ausências

Por fim, é essencial refletir sobre quem não esteve presente nesse festival. Todos eram convidados, e há um valor imenso em reconhecer aqueles que se afastaram dessa “comédia de interesses”. A advocacia, em sua luta contra o lawfare, deve promover uma verdadeira independência judicial e não incentivar práticas conflitantes.

Fonte: https://redir.folha.com.br/redir/online/poder/rss091/*https://www1.folha.uol.com.br/colunas/conrado-hubner-mendes/2025/07/onde-a-fome-se-junta-a-vontade-de-jantar.shtml

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima